A doação de órgãos é um gesto de amor que muda o destino, traz a saúde de volta e faz a diferença na vida de muitas pessoas. No último mês, o assunto passou a ser ainda mais discutido com a entrada do apresentador Faustão na fila por um transplante de coração. Com o assunto em alta, este também é um importante momento para incentivar e promover cada vez mais a conscientização da importância deste gesto de amor ao próximo.
“Todo o processo da doação de órgãos é regulado de maneira central pela SC Transplantes e executado pelas Comissões Hospitalares de Transplantes (CHT) de cada hospital. São processos seguros que levam em consideração alguns fatores importantes que vão desde a gravidade do paciente, tipo sanguíneo, compatibilidade do órgão a ser recebido, entre outras questões. Desta forma, todos os procedimentos desde o diagnóstico de morte encefálica até a oferta dos órgãos para um receptor são realizados em passos controlados e amplamente checados. Assim, o diagnóstico de morte é feito de maneira padronizada conforme a Lei determina e a oferta dos órgãos é feita a partir de uma lista pré-determinada de pessoas que necessitem do órgão”, explica o médico intensivista e coordenador da Comissão Hospitalar de Transplante do HSJosé, Dr. Felipe Dal Pizzol (CRM – 10643 | RQE – 8882).
De acordo com o médico, uma das poucas maneiras de alguém receber um órgão é pela doação de um doador morto. “Poucos órgãos podem ser doados em vida, normalmente para um familiar. Por isso, o mais importante é, em vida, deixamos clara nossa intenção de doar. Na hora da morte encefálica, nossos familiares devem autorizar da doação, desta forma, a ciência deles de nossa vontade é fundamental para que eles possam fazer cumprir nossa vontade, diante de um momento tão difícil para eles. Mesmo que possam existir algumas dúvidas sobre o processo de doação de órgãos, elas são sanadas pela equipe da CHT que tem um papel fundamental em todo esse processo”, garante Dr. Felipe.
Podem ser doados rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado, intestino, córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias. A avaliação sobre a doação dos órgãos será sempre antes de realizar a captação de órgãos.
A Comissão Hospitalar de Transplante do HSJosé é composta atualmente por seis enfermeiros e dois médicos. “A CHT é uma importante aliada em todo este processo. É por meio desta comissão que garantimos o suporte e todo o apoio para a equipe em todas as etapas do protocolo de doação. Nós somos os responsáveis desde a avaliação para a abertura de um protocolo de morte encefálica, o auxílio durante os exames que são realizados e a comunicação do óbito, sempre com um atendimento humanizado à família. Atuamos em todo o processo desde o início até a finalização do protocolo”, explica a enfermeira Daniela Luiz.
Números de doações
De acordo com os dados do Sistema Estadual de Transplantes (SC Transplantes), de janeiro a julho de 2023, foram registradas no estado, 184 doações efetivas de múltiplos órgãos e tecidos, acima do mesmo período no ano anterior, quando houve 172 doações.
No Hospital São José de Criciúma, de janeiro a julho de 2023 ocorreu a abertura de 18 protocolos de pacientes com suspeita de morte encefálica e, destes, 7 tiveram a doação efetivada.
“A sociedade precisa se conscientizar cada vez mais sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto. Apesar da ampliação da discussão do tema, especialmente após a divulgação do caso do apresentador Faustão, a doação de órgãos ainda é tratada como um assunto polêmico e de difícil entendimento, o que resulta em um alto índice de recusa familiar. Por isso é tão importante discutirmos o assunto e promover ainda mais a conscientização sobre este tema”, finaliza Dr. Felipe.